Estamos vivendo o “Tempo da Misericórdia”, afirmou o Papa Francisco, no Angelus do último dia 11 de janeiro, quando refletia sobre o Batismo de Jesus. O Santo Padre falou sobre a importância dos fiéis leigos “viverem e levarem a misericórdia nos diversos ambientes sociais”.
Papa Francisco, que de forma tão insistente tem falado sobre a necessidade da Igreja em saída, da Igreja missionária, da Igreja Mãe que acolhe e vai ao encontro dos filhos que ficaram à beira do caminho, revela com estas palavras, que a missão evangelizadora é uma das faces da misericórdia cristã. Não importa que o pão com o qual precisamos saciar a fome dos nossos irmãos seja o pão que alimenta o corpo ou o pão que alimenta a alma. Eles têm fome, e isso basta! Eles têm sede, demos de beber! Esta é a misericórdia cristã, aquela que tem como fonte inspiradora o exemplo do próprio Jesus, que na sua existência terrena não se limitou a saciar a fome dos famintos que não tinham o que comer, a curar as doenças do corpo de tantos cegos, coxos e leprosos, de trazer de volta à vida o filho único da viúva, mas que, acima de tudo, encheu de esperança e de amor os corações daqueles que ouviam e acolhiam Sua Palavra, e se puseram a seguir e caminhar conforme o Mestre.
A missão evangelizadora não é uma simples obediência a um mandato do Senhor (cf. Mc 16, 15), pois se assim for, será estéril, incapaz de alcançar os corações, de tocar as almas, porque lhe faltará a sua essência primordial que é o amor, a misericórdia por aqueles que estão nus, com fome, com sede, doentes ou prisioneiros, não importando se do que carecem é material ou espiritual. A missão evangelizadora precisa ser, antes de tudo, o reflexo da Misericórdia Divina a qual deve animar o trabalho missionário, que procura, a todo tempo e a qualquer custo, salvar os que estão perdidos, resgatar os que estão prisioneiros, dar vida aos que estão mortos.
A Misericórdia Divina nos leva além, a ter paixão pela salvação das almas, exatamente porque aqueles que com Ela se encontraram descobrem a alegria e o desejo de compartilhá-la com os outros, de proporcionar a tantos outros irmãos esse encontro transformador com que eles mesmos foram transformados e convertidos. E se assim forem movidos, esses missionários e aprendizes da Misericórdia de Deus evangelizam por “contágio”, inflamados por um amor e por um zelo que jamais será totalmente saciado aqui neste mundo, mas que os levará a seguir sempre mais adiante, a “gastar” suas vidas por um ideal que só será plenamente consumado e satisfeito no encontro definitivo com o Amor Misericordioso de Deus na Eternidade.
E, seguindo sempre as lições do Santo Padre, verdadeiro profeta, que, mais do que pregar, ouve ao Senhor, não sejamos cristãos e comunidades “surdos” à voz do Espírito Santo, que impulsiona a levar o Evangelho aos extremos confins da terra e da sociedade, para não nos tornarmos cristãos e comunidades “mudos” que não falam e não evangelizam.
Vivamos o Tempo da Misericórdia acolhendo uns aos outros onde formos chamados, nos ambientes familiares ou nos lugares mais longínquos, levando a Palavra, amando mais, julgando menos, comunicando esperança, reavivando a fé esquecida, anunciando que a Salvação é para todos que desejarem se abrir ao Amor Misericordioso de Deus!
Que do Espírito Santo recebamos a fortaleza, a inspiração e o amor que nos impele à missão evangelizadora, comunicando a todos a graça que experimentamos e que transformou as nossas vidas. Que a Virgem Maria, Mãe da Misericórdia, Serva Missionária, interceda por nós, e seja-nos exemplo de abertura e docilidade ao Espírito Santo para jamais ficarmos fechados em nós mesmos, paralisados em nossas comodidades, enquanto temos tanto a fazer, tanta fome e sede a saciar, tanta vida a comunicar, tantas almas a resgatar para o Senhor.
Que com Ela e como Ela possamos colocar-nos apressadamente a caminho ao encontro dos irmãos! Que venha o Tempo da Misericórdia e que este tempo nos encontre despertos e dispostos a sermos instrumentos nas Mãos do Santo Espírito de Deus!
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