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terça-feira, 29 de março de 2016

O consagrado deve estar disposto a sujar as mãos

 Cidade do Vaticano (RV) – O encerramento do Ano da Vida Consagrada marcou a semana aqui no Vaticano. Foram 14 meses de iniciativas, encontros, cartas e congressos organizados em Roma e mundo afora.
O evento conclusivo reuniu mais de 5 mil homens e mulheres de todos os continentes, representando a Ordem das Virgens, a clausura, os institutos religiosos de vida apostólica e de vida monástica e conventual, as sociedades de vida apostólica, os institutos de vida seculares e os novos institutos e “novas formas”. Todos aqui para expressarem os diferentes carismas que o Espírito suscita na Igreja, mas – sobretudo – a unidade desses mesmos carismas. A Congregação que no Vaticano se ocupa da vida consagrada é guiada pelo Cardeal brasileiro João Braz de Aviz. Ele e o secretário, Dom José Carballo, realizaram durante este Ano da Vida Consagrada mais de 30 viagens, em todos os continentes, para se reunirem com os religiosos locais e conhecer a realidade concreta em que atuam. Desses encontros, ficaram evidentes problemas e desafios, mas também alegrias e motivos de esperança.
Nas inúmeras entrevistas que concedeu ao Programa Brasileiro, Dom João detalhou algumas das dificuldades que necessitam ser superadas. São elas: como as ordens, congregações e institutos lidam com os bens e o dinheiro, a relação de obediência com o superior, a necessidade da formação permanente dos consagrados, a vida fraterna em comunidade, o relacionamento entre homem e mulher - entre o consagrado e a consagrada - e a crise vocacional. Aliás, no encontro que teve com os consagrados por ocasião do evento conclusivo deste Ano, realizado na segunda-feira passada, Francisco falou justamente destes desafios, sublinhando três aspectos: a profecia, a proximidade e a esperança. “A profecia é dizer às pessoas que existe um caminho de felicidade, grandeza, uma estrada que nos enche de alegria, que é o caminho de Jesus. “A vida consagrada deve conduzir à proximidade com as pessoas, proximidade física, espiritual, conhecer as pessoas”. E o primeiro próximo de um consagrado é precisamente seu irmão e irmã de comunidade. É na comunidade que se deve evitar “o terrorismo das fofocas”, a intriga cai como uma “bomba”, é fazer “guerra”, advertiu. 
Falando da esperança, o Papa citou a queda das vocações, e questionou: “Por que o ventre da vida consagrada se torna tão estéril?” A solução, afirmou, não é a inseminação artificial, mas a oração. E fez uma menção especial às mulheres, às consagradas: “O que seria da Igreja sem as freiras?”. De fato, as consagradas na Igreja são proporcionalmente 10 vezes mais que os consagrados. Mas o que fica então deste Ano dedicado à Vida Consagrada? Fica a consciência clara dos obstáculos a serem superados. O seu reconhecimento já é um caminho para solucioná-los. Agora é tempo de discernimento. E há pessoas aqui no Vaticano que estão trabalhando para isso.
Mas fica também o agradecimento a esses homens e mulheres de fronteira, a esses combatentes silenciosos que estão sempre na linha de frente nas periferias existenciais e geográficas, que dão a vida pelos outros. Nós aqui do Programa Brasileiro somos testemunhas deste trabalho, ao dar voz a esses incansáveis missionários.
Francisco aos consagrados recordou sua verdadeira missão: uma missão feita de cotidianidade, de trabalho diário, árduo, “de sujar as mãos”. O que conta, disse ele, é como viver esses dias: com esperança, fazendo memória do primeiro chamado, do amor com o qual foram escolhidos pelo Senhor, e, assim, semear o bem. “Continuar”, disse o Papa. “A espinha dorsal da vida consagrada é a oração. E assim envelhecer, mas envelhecer como o bom vinho!”
(Bianca Fraccalvieri)

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