DISCURSO NA CÂMARA MUNICIPAL
DE NÍSIA FLORESTA
(Audiência Pública para discussão do orçamento para 2012)
17/10/2011
Exmo. Sr. Presidente desta Casa Legislativa Eugênio Gondim
Excelentíssimos Senhores Vereadores – eleitos pelo voto livre do povo de Nísia Floresta
Ilustríssimos representantes das Igrejas Evangélicas
Digníssimos representantes da Sociedade organizada e dos órgãos públicos
Caríssimo jovem Agripino, do blog Nisia Digital, representando a imprensa livre
Ilustres Cidadãos e cidadãs de Nísia Floresta
Por ocasião desta audiência pública, na qual dar-se a discussão do Orçamento para o ano de 2012; ano significativo devido a mais um pleito para a administração pública, deixo-vos algumas reflexões para que, de algum modo, possa contribuir com todo o processo democrático de nosso Município. O faço pelo direito que a Constituição prevê da liberdade de opinião e não por opção político partidária, pois, desde o dia de minha chegada a esta abençoada Terra de Papary, manifestei o desejo de manter neutralidade em relação a qualquer partido político. Isto não significa que o padre deve apenas calar. Tudo que diz respeito ao povo de Deus, diz respeito a Igreja. E se vem a entrar em jogo a dignidade do ser humano, a Igreja – que é a voz profética de Deus no mundo – não pode calar .
Diz-se que o Brasil é um país cristão. Em parte é verdade, pois cerca de 90% da população é cristã, seja da Igreja Católica (60%), seja das Igrejas Evangélicas (mais de 35%). Surge, porém, uma questão: se o Brasil é cristão, porque os valores pregados por nosso Senhor Jesus Cristo, como a honestidade, a retidão de intenção, a justiça, a misericórdia, o amor sem fingimento estão esquecidos ou, veladamente, rejeitados por uma parte significativa dos representantes do nosso povo e das instituições como um todo? A nossa fé em Cristo não exige de nós uma conduta que honre esse nome: cristãos? Ou pensamos que a salvação não leva em conta as nossas atitudes? A fé deveria ser reservada aos templos e nada influenciar nos negócios do mundo?
Lembremos que Nosso Senhor Jesus Cristo nos alertou, severamente, a respeito disso no Capítulo 25 do Evangelho de Mateus. Lembremos, ainda, que ninguém escapa ao julgamento de Deus e que “Cada um será julgado conforme a sua conduta”. Sabemos que a salvação vem pela fé em Cristo, mas a Santa Palavra de Deus também afirma: “A fé, se não tive obras, está completamente morta” (Carta de Tiago 2, 17)
O Compendio da Doutrina Social da Igreja – livro que reúne os ensinamentos da Igreja Católica sobre a justiça, a ética e a sociedade organizada – registra algo muito significativo para qualquer instituição ou pessoa que representa o povo:
“Entre as deformações do sistema democrático, a corrupção política é uma das mais graves porque trai, ao mesmo tempo, os princípios da moral e as normas da justiça social; compromete o correto funcionamento do Estado, influindo negativamente na relação entre governantes e governados; introduzindo uma crescente desconfiança em relação à política e aos seus representantes, com o consequente enfraquecimento das instituições.
A corrupção política distorce na raiz a função das instituições representativas...
A administração pública, em qualquer nível – nacional, regional, municipal –, como instrumento do Estado, tem por finalidade servir aos cidadãos: ‘Posto ao serviço dos cidadãos, o Estado é o gestor dos bens do povo, que deve administrar tendo em vista o bem comum’
O papel de quem trabalha na administração pública não se deve conceber como algo de impessoal e de burocrático, mas como uma ajuda pressurosa para os cidadãos, desempenhado com espírito de serviço” (Compêndio de Doutrina Social da Igreja, nn. 411 e 412).
Pe. José Lenilson de Morais
Administrador Paroquial
(Ao final do discurso o Pe. José Lenilson presenteou a Câmara com um volume do Compêndio da Doutrina Docial da Igreja, entregando-o nas mãos do Presidente da Casa)
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